Às vezes nem notamos quão complexa a vida é ao nosso redor.
Esse texto e o filminho no fim demonstram uma interessante faceta do dia à dia que nos escapa quase sempre.
O homem é capaz de manejar ferramentas. Com muito treino e dedicação, ele pode ser capaz de manejá-las com total exímio. Ele pode se tornar produtivo e atingir limites que parecem impossíveis para terceiros.
Mas um homem sozinho não pode fazer muita coisa. Sua qualidade de vida será extremamente baixa caso não haja uma divisão do trabalho, isto é, caso outros indivíduos também dediquem suas habilidades àquilo que sabem fazer melhor.
Segundo
Ludwig von Mises,
Tão logo o trabalho é dividido, a própria divisão passa a exercer uma influência diferenciadora. O fato de o trabalho ser dividido possibilita um maior aperfeiçoamento do talento individual, o que por si só já faz com que a cooperação seja ainda mais produtiva.
Por meio da cooperação, os homens são capazes de alcançar aquilo que estaria além de suas capacidades enquanto indivíduos; e até mesmo o trabalho que um indivíduo é capaz de realizar sozinho se torna mais produtivo.
Porém, tudo isto só pode ser entendido em toda a sua complexidade quando as condições que governam o aumento da produtividade sob a cooperação são especificadas com precisão analítica.
E foi justamente visando a analisar toda essa complexidade permitida pela divisão do trabalho, que Leonard E. Read, fundador do instituto
Foundation for Economic Education — o primeiro moderno think tank libertário dos EUA —, escreveu em 1958 aquele que é considerado até hoje o melhor e mais sucinto artigo sobre o funcionamento do livre mercado e sobre os milagres operados pela divisão do trabalho: Eu, o lápis.
O artigo mostra por que ninguém é capaz de construir sozinho um objeto tão aparentemente simples quanto um lápis. Um simples lápis é um instrumento tão complexo, que todo o processo de coordenação e cooperação necessário para fabricá-lo está muito além da capacidade de imaginação de um ser humano comum.
Esta constatação foi capaz de persuadir inúmeras pessoas acerca do poder e da criatividade do livre mercado.
Desde que foi escrito, há mais de meio século, este artigo permanece a pedra no sapato coletivista de keynesianos e marxistas: os primeiros consideram o livre mercado um arranjo ineficiente em termos de produção, um arranjo no qual o governo tem de interferir e regular de modo a direcionar a produção para aqueles setores que os burocratas do governo consideram mais importantes; já os últimos defendem que a produção só será eficiente se o governo for o proprietário de dos meios de produção e dos recursos naturais. O artigo de Read, ao apresentar tanto a teoria quanto a realidade, mostra o quão parvas são as afirmações destas duas ideologias.
Adam Smith tornou-se famoso por apresentar o conceito da mão invisível do mercado, a qual possibilitava a cooperação sem coerção. Já Friedrich Hayek deu ênfase tanto à importância do conhecimento disperso pela sociedade quanto à função do sistema de preços em emitir informações que farão com que os indivíduos façam as coisas desejáveis sem que nenhum comitê central tenha de ditar ordens. Nenhum outro artigo consegue, de maneira tão sucinta, tão persuasiva e tão eficaz, ilustrar o funcionamento prático de todos estes conceitos.
O livre mercado, ao ampliar a divisão do trabalho, ao estimular a destreza, a aptidão e a maestria suprema das pessoas, e ao permitir e estimular a criatividade em larga escala, faz com que todas as civilizações se beneficiem dos esforços de indivíduos. Vemos diariamente os resultados produzidos por estes incentivos. Sentimos diariamente os resultados trazidos pela divisão do trabalho e pela criatividade. Tudo isto está multiplicado por bilhões de participantes. São poucas as pessoas que realmente entendem como este sistema funciona.
A melhor maneira de entender esta mágica é vendo o vídeo abaixo, que é uma animação do artigo de Read.
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